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“FALA-SE MUITO EM NOVO NORMAL, MAS PARA O SETOR DE BRINQUEDOS, TODO ANO, TODO DIA É NOVO NORMAL”


Apesar do acúmulo de dificuldades decorrentes de diversos fatores, Synésio Batista, presidente da ABRINQ revela que “a demanda na ponta é aguardada com ansiedade, pois a indústria nacional atuou, não faltarão brinquedos”

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Synésio Batista da Costa é presidente da Abrinq

©Eduardo Santos/Arquivo Brincar


O início de 2021 veio acompanhado de uma série de dificuldades para a cadeia produtiva, entre elas a escassez de matéria-prima em vários segmentos e a alta de preços dos insumos foram os principais fatores que limitam a expansão da produção industrial no País. Pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) indicava que, em outubro do ano passado, a falta de insumo atingiu os maiores níveis desde 2001 em 14 dos 19 segmentos da indústria.
O problema obrigou as empresas a reduzirem o ritmo de atividade por falta de matéria-prima, e quem, no primeiro semestre, conseguia produzir não podia distribuir o produto por falta de embalagens de papelão, por exemplo, um dos maiores problemas relatados por empresas e entidades de classe. A escassez, somada ao câmbio com o real desvalorizado, resultou em alta de preços.
A interrupção da produção no pico da pandemia de coronavírus e a volta ao consumo mais forte do que o esperado pegou as empresas com baixos estoques e demanda crescente, em parte por causa do auxílio emergencial pago pelo governo em 2020. Com isso, há um descolamento entre fabricantes de matérias-primas – que não conseguiam atender à demanda –, de produtos finais e varejo. O temor é que, com a crise sem precedentes, fosse persistente e atingisse as indústrias também em 2021.
O cenário vivido foi de um mercado produtivo tentando se equilibrar entre os vários fatores econômicos, e porque não políticos também, no sentido de definir precificação de produtos lançados e ajustar essa produção.
Em março, depois do mercado de brinquedos viver a expectativa da abertura gradual dos eventos presenciais, a tradicional feira Abrin, deixou de ser realizada depois de três décadas de existência. O motivo alegado pela ABRINQ, juntamente com a Francal Feiras, organizadores da feira foi que “a persistente pandemia de coronavírus e a morosidade com que o Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19 vem se mostrando ineficiente para conter a onda de novos casos e infelizmente, novos óbitos por todo país.”
Passado esse período e com a vacinação em curso em todo país, nos aproximamos do Dia das Crianças, a tão esperada data, não só pelos pequeninos, mas também pelo segmento de brinquedos.
Em entrevista exclusiva ao diretor de Redação da Revista Brincar, jornalista Eduardo Santos, o presidente da ABRINQ, falou sobre o momento do mercado brinquedeiro às vésperas do Dia das Crianças – 2021. Confira:

Revista Brincar: Com a não realização da Feira Abrin-2021 muitos negócios deixaram de ser realizados no período, o Senhor acredita que os fabricantes conseguiram se adaptarem à situação de qual maneira?

Synésio Batista – ABRINQ: Na verdade os negócios foram realizados, com mais dificuldades é claro, a adaptação ao formato pouco presencial está se dando e, as vendas para a semana da criança estão quase concluídas e sinalizam uma performance positiva para 2021.

Revista Brincar: Neste tempo de retomada da economia, fatores como a alta da demanda mundial, falta de containers e dólar alto, fatores internos na política, como o andamento da reforma tributária, etc, impactaram nos negócios com brinquedos. Na sua opinião, isso trouxe prejuízo para os negócios neste ano?

Synésio Batista – ABRINQ: Houve efetivamente um acúmulo de dificuldades decorrentes dos fatores elencados, contudo, a demanda na ponta é aguardada com ansiedade, pois a indústria nacional atuou, não faltarão brinquedos, o país está abastecido do Oiapoque ao Chuí. Dificuldades concentradas em alguns brinquedos importados.

Revista Brincar: Considerando que neste período do ano passado, o comércio encontrava restrições de funcionamento da presencial, essa ‘abertura’ que estamos vivendo pode ser considerada um ‘novo-normal’ pós-covid-19?

Synésio Batista – ABRINQ: Fala-se muito em novo normal, mas para o setor de brinquedos, todo ano, todo dia é novo normal, pois tenhamos em conta que a inovação, a fantasia e o lúdico não são estáveis. Estas características nos permitiram uma adaptação rápida, mesmo com as dificuldades que todos enfrentaram, mas daí a afirmar que esta sacudida no sistema seja assim tão marcante, é um longo passo. Processos e motivações estão sendo revistas, é claro.

Revista Brincar: Qual é a avaliação da sua entidade sobre o mercado de brinquedos para o próximo Dia das Crianças? E em números, qual é a perspectiva para o Dia das Crianças deste ano?

Synésio Batista – ABRINQ: Cerca de 35% das vendas do ano devem ser realizadas nesta próxima semana da criança e, se olharmos os volumes que nossos fabricantes venderam à distribuição, mais os importados, é possível afirmar que teremos um incremento em torno de 11% em relação a 2020.


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