RI HAPPY ABRE PROCESSO PARA RENEGOCIAR DÍVIDAS E CONTRATA ASSESSORIA FINANCEIRA

O plano que vem sendo debatido inclui prazo de carência nos pagamentos de, em média, três anos, além do alongamento das dívidas com obtenção de novas linhas, mas com custos próximos aos atuais, apurou o site Valor.



©Barra Shopping/Divulgação

A varejista chegou a analisar uma oferta pública inicial de ações em 2018, mas o fechamento da janela de mercado na época fez o plano ser adiado.

A varejista de brinquedos Ri Happy iniciou um processo de renegociação de dívidas de cerca de R$ 500 milhões com cerca de dez bancos — maior parte do valor está concentrada nas mãos de menos da metade dessas instituições — na tentativa de adequar a estrutura de capital da rede ao fluxo de caixa da companhia, apurou o Valor.
É o segundo ativo adquirido no país pelo Carlyle, gestora de investimentos, que passa por essa situação. A SPX Capital fechou uma parceria com a gestora Carlyle em 2021 e opera os ativos do fundo no país, como Tok&Stok e Ri Happy. A varejista de móveis também abriu, há meses, processo de renegociação de linhas com bancos. Na Tok&Stok, a dívida é de R$ 600 milhões.
O Valor ainda apurou que a Starboard, que atua na área de reestruturação de dívidas, está envolvida nesse processo junto à Ri Happy, e o plano que vem sendo debatido inclui prazo de carência no pagamentos de, em média, três anos, além do alongamento das dívidas com obtenção de novas linhas, mas com custos próximos aos atuais.
“Não é um cenário complexo, comparado a outros casos que o mercado tem visto, e há disposição para um acordo dentro de alguns meses. Trata-se mais de uma readequação da estrutura ao fluxo de caixa futuro, e os credores entendem isso”, diz uma pessoa a par do tema. Houve sinalização por parte dos controladores de uma capitalização paralela a esse realinhamento das dívidas.
A Ri Happy tem sentido mais pesadamente as últimas crises de consumo no país, com o forte recuo na demanda em 2015 e 2021, e o aumento dos custos financeiros com a alta de juros na pandemia. Mas a última aceleração dos negócios, com investimentos em inauguração de lojas e outras ações para crescer antes de uma abertura de capital, discutida anos atrás, também pressionou o endividamento.
A varejista chegou a analisar uma oferta pública inicial de ações em 2018, mas o fechamento da janela de mercado na época fez o plano ser adiado.
Há dois meses, fontes do mercado já mencionavam que a empresa passava por dificuldades e vinha buscando alguns caminhos para tentar sair de uma crise financeira que se intensificou de dois anos para cá — inclusive, com a possibilidade de uma reestruturação extrajudicial. No entanto, em abril, fonte próxima à empresa descartou a possibilidade, considerando os caminhos que estavam sendo analisados.
Procurada a SPX não se manifestou até o momento.

Matéria publicada anteriormente no Valor